BIOLOGIA CELULAR
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MITOCÔNDRIA

 


INTRODUÇÃO:

Todas as células e organismos podem ser agrupados em duas classes principais  que diferem no mecanismo de obtenção de energia para sustentar seu próprio metabolismo. Na primeira classe, denominada de autotrófica, CO2 e H2O são transformados através do processo de fotossíntese na molécula orgânica elementar de glicose, a partir da qual são formadas moléculas mais complexas.  A segunda classe de células, são chamadas de heterotróficas, pois obtêm energia a partir de diferentes nutrientes(hidratos de carbono, gorduras e proteínas), sintetizados por organismos autotróficos.

A energia contida nessas moléculas orgânicas é liberada principalmente pela combustão com o O2 da atmosfera num processo denominado de respiração aeróbica. A liberação de H2O e CO2 pelos organismos heterotróficos completa este ciclo energético.

A transformação celular de energia ocorre com a intervenção de dois principais sistemas de transdução(isto é, sistemas que promovem transformação de energia), representados pelas mitocôndrias e cloroplastos. Estas duas organelas funcionam sob alguns aspectos, em direções opostas. Os cloroplastos, presentes  somente em células vegetais, são especialmente adaptados para capturar a energia  da luz solar e transformá-la em energia química, que é armazenada em ligações covalentes entre átomos de diferentes nutrientes ou moléculas fornecedoras de energia. Por outro lado, as mitocôndrias são "as organelas produtoras de energia", que, através da oxidação, liberam a energia contida nas moléculas de nutrientes energéticos. A principal função dos cloroplastos é a fotossíntese, enquanto que a das mitocôndrias é a fosforilação oxidativa. A fotossíntese é uma reação endergônica, o que significa que ela captura energia, enquanto a fosforilação oxidativa  é uma reação exergônica, isto é, libera energia para o sistema.

HISTÓRICO  CIENTÍFICO:

As mitocôndrias (do Grego μίτος ou mitos (fio/linha) + χονδρίον ou "chondrion" ,grânulo), foram pela primeira vez descritas por Altmann, em 1894 (que as denominou "bioblastos"), sugerindo a sua relação com a oxidação celular. Michaelis , em 1900, conseguiu corá-las com métodos de coloração vital usando verde Jano. Em 1914, Levois e Levois estudaram as mitocôndrias em culturas de células, mais foi só em 1934 que Benslay e Hoerr conseguiram pela primeira vez isolar mitocôndrias  de homogeneado de fígado. Sua função, que até então era desconhecida, foi estabelecida pelos trabalhos de Hogeboom, Claude e Hothckiss em 1946 e posteriormente, em 1948, pelos de Green, Lenhinger e Change. Foi Chevremont, em 1957, o primeiro a observar que em certas condições, as mitocôndrias apresentavam reação de Feulgen (específica para o DNA) positiva. Foi observada (Favard e Carasso em 1958) a presença de grânulos protéicos nas mitocôndrias de ovócitos de Planorbis. Em 1962, Green e Fernandez-Moran determinaram a presença de partículas elementares na membrana interna das mitocôndrias. A existência de DNA mitocondrial já suspeitada por Chevremont, foi provada por Nass em 1965, nesse mesmo ano, Droz e Bergeron demonstraram a síntese protéica mitocondrial empregando técnica de auto-radiografia. Foi, no entanto, o advento da microscopia eletrônica e o aperfeiçoamento  das técnicas bioquímicas que causaram o enorme cabedal de conhecimentos atuais em torno desse importante orgánulo citoplasmático.

MÉTODOS DE ESTUDO:

Embora hoje sua visualização seja feita por microscopia eletrônica, os métodos que permitiram observar mitocôndrias em microscopia óptica ainda são largamente utilizados, principalmente com finalidades didáticas. Os fixadores usados, excluindo o glutaraldeído e o ácido ósmico da microscopia eletrônica, são principalmente os com base em bicromato de potássio ou ácido crômico. O corante usado inicialmente por Altmann foi a fucsina ácida, ainda empregada em variantes do método original, como a de Novelli, por exemplo. O método de coloração vital pelo verde Jano, descoberto por Michaelis, ainda é usado, mais os mais usados atualmente são os de Regaud(hematoxilina férrica) ou de Polak(impregnação argêntica).

Quimicamente demonstrou-se que as mitocôndrias tém composição complexa, sendo formadas por água(na qual são relativamente pobres), proteínas(muito frequentes, inclusive nas membranas e sistemas enzimáticos de produção energética), lipídios( nas membranas), RNA( 0,5% do peso seco), DNA próprio, carboidrtatos, ADP, ATP e numerosos íons (Mg, Fe, Ca, Na, Cl, K, P, S). Para o conhecimento da composição química das mitocôndrias muito contribuiram os métodos de separação da fração mitocondrial, por ultra-centrifugação.

Da mesma maneira que os métodos de fracionamento celular tornam possível a separação de mitocôndrias dos outros elementos celulares, existe também a possibilidade de separação entre as membranas mitocondriais e seus compartimentos. Por exemplo, pode ser retirada a membrana externa, restando então o mitoplasto, que contêm a membrana interna e a matriz. O mitoplasto é o responsável por exercer a maioria das funções mitocondriais.

DIMENSIONAMENTO E DEFINIÇÕES:


Presentes virtualmente em todas as células eucariontes, exceto num grupo de protistas chamado Archezoa, seres que vivem em ambientes anaeróbicos, como amebas, Giardia e Trichomonas. É uma das organelas celulares mais importantes, sendo extremamente relevante para a respiração celular. É abastecida por substâncias orgânicas como a glicose, as quais processa e converte em energia sob a forma de ATP, que devolve para ser utilizado pelo restante da célula, sendo esta energia química a que pode ser usada em reações bioquímicas que necessitem de dispêndio de energia. A rota metabólica em comum, pela qual mitocôndrias, cloroplastos (presentes em células vegetais) e mesmo as bactérias, mobilizam energia para atuarem como organismos dinâmicos, é operada por um processo conhecido como acoplamento quimiosmótico. Em concordância com sua importância no metabolismo, essas organelas geralmente ocupam uma grande fração do volume celular total, podendo seu número variar entre as células, sendo proporcional à atividade metabólica de cada uma,  indo de quinhentas a mil ou até dez mil dessas estruturas por células: do sistema nervoso (na extremidade dos axônios), do coração(fig.b) e do sistema muscular, uma vez que estas apresentam uma necessidade maior de energia, ocupando dessa maneira, uma porção substancial do volume citoplasmático das células eucariontes, estas organelas têm sido essenciais para a evolução dos animais complexos. Sem as mitocôndrias, as atuais células seriam dependentes da glicólise anaeróbica para produzir todo o seu ATP, sabendo que este processo não aproveita potencialmente a capacidade energética que a molécula de glicose pode oferecer.

As mitocôndrias são geralmente descritas como cilindros rígidos e alongados, com diâmetro aproximado de 0,5 a 1 mícron, variando seu comprimento de 0,5 a 10 mícron, assemelhando-se em muito com as dimensões bacterianas. Sabe-se que sua forma varia muito, dependendo do tipo celular e dos diferentes estágios funcionais. Pode ser esférica, ovalada, alongada(baciliforme), em raqueta, em clava, bem como pode variar sua forma em tempos diferentes da vida celular. Microfilamagens em estruturas celulares, mostram que são organelas notavelmente dinâmicas e plásticas, mudando constantemente a sua forma, e mesmo fundindo-se uma com as outras, vindo a se separar mais na frete. 

Em G,J,K, miocárdio de cão; em H homogeneado de coração de rato; em I mitocôndrias com cristas tubulares de adrenal de rato.


 

Geralmente encontramos um acumulo mitocondrial em locais celulares que demandam uma maior necessidade energética. Nos epitélios ciliados, elas se acumulam próximas aos cílios; nos espermatozoides, ao redor da porção inicial do flagelo(ver no esquema de estruturas mitocondriais,figura a), onde têm início a atividade flagelar. Outros exemplos de acumulo de mitocôndrias pode ser encontrado nas células transportadoras de íons, e está associada a abundantes dobras da membrana plamática, o que aumenta consideravelmente a área por onde têm lugar o transporte iônico. Nessas regiões , as membranas são ricas em ATPase, enzima que libera a energia que será utilizada pelas bombas iônicas aí presentes, como é o caso dos túbulos contorcidos renais.

 

 
Desenho esquemático da ultra-estrutura  de uma célula de um túbulo contorcido proximal do rim. Invaginações da membrana da superfície basal da célula definem regiões contendo muitas mitocôndrias alongadas. Esta é a disposição típica de células transportadoras de íons. Proteínas absorvidas da luz do túbulo por pinocitose são digeridas por lisossomos, íons sódio difundem-se passivamente pela membrana apical das células epiteliais renais. Esses íons são depois transportados ativamente para fora da célula por uma ATPase Na+/K+ presente nas membranas baso-laterais das células. A energia para esta bomba de sódio é fornecida pelo grande número de mitocôndrias presentes na célula.

 

Além do fornecimento de energia celular, as mitocôndrias, estão envolvidas em outras tarefas, tais como sinalização celular,  morte celular(apoptose), bem como o controle do ciclo celular e crescimento celular. As mitocôndrias têm sido relacionadas em várias doenças humanas, incluindo doenças mitocondriais e disfunção cardíaca, e podem desempenhar um papel no processo de envelhecimento.

MITOCÔNDRIAS EM MOVIMENTO:

O aperfeiçoamento das técnicas de videomicroscopia e a descoberta  de um corante vital fluorescente, a rodamina 123, permitiu a observação da distribuição das mitocôndrias na célula, seu formato alongado, o equilíbrio dinâmico entre fissão e fusão dessas organelas e seu deslocamento, rápido e direcionado. Usando a rodamina 123, foi possível observar que as mitocôndrias se deslocam através de microtúbulos usando-os como se fossem trilhos, podendo ir em duas direções, para a extremidade minus(voltada para o centro organizador) ou para a extremidade plus( voltada para a periferia), associando-se ora a dineina(proteína motora minus) ora a cinesina(proteína motora plus). Essa deslocção se faz necessária para atender a demanda imediata da célula por energia em determinadas regiões. Em alguns tecidos esta necessidade é alta, e muito localizada, fazendo com que as mitocôndrias estacionem no local. bons exemplos são os espematozóides e o músculo cardíaco. No espermatozóide(fig.abaixo), todas as mitocôndrias se encontram no flagelo, em volta do axonema, para garantir que não falte ATP para as dineínas flagelares. Esta singular localização tras um consequência singular: como na maioria dos mamíferos o flagelo do espermatozóide não entra no ovócito, todas as mitocôndrias do zigoto serão herdadas da mãe( herança uniparental).


No coração, as mitocôndrias ficam comprimidas entre as miofibrilas do músculo cardíaco, garantindo que não falte suprimento de ATP para a contração muscular.




ESTRUTURAS MITOCONDRIAIS:

    
a membrana mitocondrial externa,
    
o espaço intermembranar (o espaço entre as membranas exterior e interior),
    
a membrana mitocondrial interna,
    
o espaço de cristas (formado por invaginações da membrana interna),
    e a matriz (espaço dentro da membrana interna).

Membrana externa:

A membrana mitocondrial externa, que inclui a totalidade do organelo, tem uma proporção de proteína para fosfolípido semelhante ao da membrana plasmática eucariótica (cerca de 1:1 em peso), sendo rica em colesterol. Ela contém um grande número de proteínas integrais chamados porinas. Estas porinas formam canais com aproximadamente 1 nm de diâmetro, que permitem que as moléculas com menos de 5.000 Daltons de peso molecular difundam-se livremente de um lado da membrana para o outro. Tais moléculas podem entrar no espaço intermembranas, mais a maioria delas não pode passar pela membrana interna. Proteínas maiores podem entrar na mitocôndria, se uma sequência de sinalização na sua extremidade N-terminal liga-se a uma grande subunidade de  múltiplas proteínas chamada translocase da membrana externa(TOM), que, em seguida, move-os ativamente através da membrana.  Proteínas mitocondriais variam dependendo do tecido e da espécie. Nos seres humanos, 615 tipos diferentes de proteínas foram identificadas a partir da mitocôndria cardíaca, enquanto que em Murinae (ratos), 940 proteínas codificadas por genes distintos, têm sido relatados. O proteoma mitocondrial é pensado para ser regulado dinamicamente. Embora a maior parte do DNA de uma célula esteja contido no núcleo da célula, a mitocôndria tem o seu próprio genoma independente. Além disso, o seu DNA mostra semelhança substancial de genomas bacterianos.

A membrana mitocondrial externa pode associar-se com a membrana do retículo endoplasmático (RE), em uma estrutura chamada MAM (mitocôndrias associada à membrana RE). Isto é importante para a passagem do cálcio entre as membranas, facilitando a sinalização de transferência de lípidos entre o RE e as mitocôndrias.


Espaço intermembranar:

O espaço intermembranar é o espaço entre a membrana exterior e a membrana interna. É também conhecido como o espaço Perimitocondrial. Como a membrana exterior é livremente permeável a pequenas moléculas, as concentrações de moléculas pequenas, tais como os íons e açúcares no espaço intermembranar é o mesmo que o do citosol. No entanto, as proteínas grandes possuem uma sequência de sinalização específica para serem transportadas através da membrana exterior, de modo que a composição da proteína deste espaço é diferente da composição de proteínas do citosol. Uma proteína que é localizada no espaço intermembranar desta maneira é o citocromo c.

Esse espaço nada teria de especial, não fosse a presença dos complexos enzimáticos  de interconversão de nucleotídeos. O metabolismo mitocondrial produz muito ATP, mas só uma molécula de GTP por cada volta do ciclo de Krebs. A célula usa GTP e outros nucleotídeos trifosfatados em vários processos de sinalização interna para polimerizar microtúbulos, para transporte de vesículas, etc. Claro que a produção mitocondrial de GTP é insuficiente, mais no espaço intermembrana, o ATP transfere um fosfato para uma molécula de GDP, formando GTP e consequentemente ADP que retorna para ser fosforilado na matriz mitocondrial. Isto também vale para a formação de CTP e UTP, nucleotídeos usados na polimerização de açucares. Esta conversão é irreversível, isto é, os outros nucleotídeos não conseguem devolver o fosfato para o ADP. Os complexos enzimáticos que fazem isso são solúveis, mas são grandes demais para sair pela porina, portanto ficam presos no espaço intermembranas, esperando ATP recém-formado para transferir fosfato para GDP, CDP e UDP.

 

Membrana interna:

 

A membrana interna apresenta invaginações geralmente em forma de prateleiras, formando cristas que aumentam muito a supefície membranar. Em certos protozoários e em células que sintetizam esteróides, as cristas podem ter a forma de tubos, o que leva ao aparecimento de estruturas circulares no interior mitocondrial, isto quando observadas em corte pela microscopia eletrônica. Uma mesma mitocôndria pode apresentar cristas em forma de prateleiras e também tubulares(figura abaixo).

 

Eletromicrofotografia mostrando a presença de mitocôndrias com invaginações tubulosas( aumento 60.000 X).

 

 

A membrana interna é a bicamada lipídica mais fluida e menos permeável encontrada nas células, com muito mais fosfolipídios com cadeias de ácidos graxos curtos e insaturados e com nenhum colesterol. É muito importante sua fluidez para o perfeito funcionamento da cadeia enzimática de transporte de elétrons que se localiza em sua superfície, permitindo o frequente choque entre as moléculas envolvidas.

Já sua impermeabilidade é conseguida pela alta proporção do duplo fosfolipídio cardiopilina. Este fosfolípido foi originalmente descoberto em coração de vaca, em 1942, e é normalmente característico de membranas plasmáticas e mitocondriais bacterianas.Este fosfolipídio é o resultado da junção  de duas fosfatidilcolinas, formando um fosfolipídio com quatro cadeias de ácido graxo. Desta forma, a área ocupada pela cabeça polar corresponde ao dobro do número de cadeias hidrofóbicas na região hidrofóbica da membrana. A cardiopilina contribui para dificultar a passagem  de partículas com carga elétrica através da membrana mitocondrial interna, o que é funcionalmente importante, porque uma concentração elevada de íons, na matriz da mitocôndria, pertubaria o gradiente que gera o fluxo de prótons de hidrogênio e a consequente captação de ATP, pelo acoplamento quimiosmótico. Quando  se faz uma extração bioquímica que separa os lipídios e as proteínas da membrana interna e depois se seca  e pesa o conteúdo, constata-se que essa membrana possui a maior relação proteína/lipídio da célula(70/30). A membrana interna também contém uma variedade de proteínas transportadoras que a tornam seletivamente permeável àquelas pequenas moléculas que são metabolizada ou requeridas pelas várias enzimas mitocondriais concentradas na matriz. Quase todos os íons e moléculas requerem transportadores de membrana especiais para entrar ou sair da matriz. As proteínas são transportadas para dentro da matriz através de um complexo de translocase da membrana interna (TIM)  ou através  de Oxa1.  Para além disso, existe um potencial de membrana através da membrana interna, formada pela ação das enzimas da cadeia de transporte de eletrons.

 

A membrana interna mitocondrial também  contém proteínas com cinco tipos de funções:

    
Aquelas que realizam as reações redox de fosforilação oxidativa.
    
ATP sintase, que gera ATP na matriz mitocondrial.
    
Proteínas de transporte específicas que regulam a passagem de metabólitos para dentro e para fora da matriz.
    
Proteínas que irão formar a maquinaria quimiosmótica.
    
Fusão de  mitocôndrias e proteínas de fissão.

Cristas:


Imagem transversal de cristas mitocondriais no fígado de ratos demonstram a provável estrutura 3D e sua relação com a membrana interna.
A membrana interna mitocondrial é compartimentada em numerosas cristas, que  expandem a área de superfície da membrana mitocondrial interna, aumentando a sua capacidade para produzir o ATP. Para  mitocôndrias de fígado, a área da membrana interna é aproximadamente cinco vezes maior do que a membrana externa. Esta proporção é variável e mitocôndrias de células que têm uma maior procura de ATP, tais como células musculares, contêm ainda mais cristas.

As cristas mitocondriais aparecem recobertas por corpusculos de 8,5 nm semelhantes a raquetas de tenis, sendo sua haste ligada diretamente à membrana interna. Este assim chamados corpusculos elementares são na verdade as partículas F1 da ATPsintase, responsável pela conversão de ADP em ATP. Geralmente ficam espaçados em intervalos de 10 nm, podendo existir mais de um milhão deles por mitocôndria. Os corpúsculos elementares ficam localizados na face da matriz (face M) da membrana interna, promovendo uma assimetria característica  relacionada à função da ATPsintase.

Eletromicrografia de uma mitocôndria túrgida numa solução hipotônica e corada negativamente  com fosfotungstato. (A), em menor aumento, podem ser vistas cristas isoladas no  meio da matriz. As setas indicam algumas dessas cristas. (B) em um maior aumento(500.000x), uma crista mitocondrial mostrando os chamados corpusculos elementares. No detalhe, em aumento de 650.000x, são mostrados com formato helicoidal e sua delicada ligação com a crista.

 


Matriz

A matriz é o espaço fechado pela membrana interna.É tão densamente concentrado que não se espalha logo ao rompimento da membrana mitocondrial interna. A matriz é como um colóide que vai se dispersando lentamente. Como está isolada por uma membrana bastante impermeável, a matriz mitocondrial tèm composição iônica muito particular.  Seu Ph, por exemplo, é bem mais básico que o do citoplasma, girando em torno de 8,0, isto porque a cadeia respiratória bombeia prótons para o espaço intermembranas. O estado físico coloidal da matriz é resultado de uma grande concentração de macromoléculas, dentre as quais destacamos: as enzimas do ciclo de Krebs, as enzimas da beta-oxidação dos ácidos graxos, a piruvato desidrogenase, responsável pela transformação do piruvato para ingresso no ciclo de Krebs, ácidos nucleicos(DNA,RNA), ribossomas, etc.

A conformação interna das mitocôndrias pode alterar-se drasticamente entre dois extremos. Se a concentração externa de ADP é baixa ou a cadeia respiratória é inibida, encontraremos a mitocôndria em seu estado usual(figA), este é o estado encontrado habitualmente em cortes de tecidos. neste caso, a matriz ocupa a maior parte da mitocôndria e espaço intermambranas se torna pequeno. Entretanto, se é adicionado ADP ao meio, existe uma súbita contração do compartimento interno. Esse é o estado condensado, que corresponde a uma mitocôndria fosforilando intensamente(figB). Estas alterações da conformação mitocondrial devem-se ao fato da respiração e fosforilação celulares gerarem não somente ATP, mais também muita água, que vai se acumulando no espaço intermembranas.


IMPORTAÇÃO DE PROTEÍNAS MITOCONDRIAIS:

Para entrar em mitocôndrias, as proteínas precisam ter sequências sinal que serão reconhecidas por receptores na membrana externa dessas organelas, muito parecido com a entrada de proteínas através da membrana do retículo endoplasmático. Uma diferença marcante entre os dois casos é que uma proteína só penetra na mitocôndria depois que foi completamente sintetizada, ou seja, a transferência de proteínas mitocondriais é pós-traducional. No entanto, assim como no retículo, as proteínas devem estar desnoveladas para passar pelos translocadores mitocondriais. Por isso, uma proteína mitocondrial, mesmo depois de completamente sintetizada, continua ligada à várias chaperonas, que irão impedir o enovelamento precose ou a agregação de outras proteínas. As chaperonas só irão se soltar da proteína depois que ela for reconhecida pelos translocadores mitocondriais.

Existem dois grupos de translocadores: os complexos TOM(trans outer membrane, tranlocase de membrana externa) e TIM(trans inner membrane, translocase de membrana interna).

Eles podem funcionar separadamente, somente o TOM para as proteínas de membrana externa e espaço intermembranar e, TOM e TIM  para proteínas de membrana interna e matriz.

Importação de proteínas para a mitocôndria: as proteínas são orientadas para as
mitocôndrias por uma pré-sequência  amino terminal contendo aminoácidos  car-
regados positivamente. As proteínas associam-se às  chaperones Hsp70 que as
mantêm distendidas. O sinal é reconhecido  por um receptor  localizado na mem-
brana mitocondrial externa, passando pelo complexo TOM(translocase membrana
externa) e tranferida para o complexo TIM(translocase de membrana interna) da
membrana interna. Dentro da organela, na matriz, a proteína é dobrada com o
auxílio de outra chaperone, a Hsp60. Em seguida, a sequência sinal é removida
por protease da matriz mitocondrial.


Distribuição das proteínas no espaço intermebranas: as proteínas podem ser orientadas para o espaço intermembranas por vários mecanismos. Algumas proteínas(I) transpõem o complexo TOM, sendo liberadas no espaço intermembranas. Outras(II) são transferidas do complexo TOM para o complexo TIM, mais possuem sequências hidrofóbicas de parada de tranferência que interrompem a transposição através do complexo TIM. Essas sequências são então removidas, para que as proteínas sejam liberadas no espaço intermembranas. Outras ainda(III) são importadas para a matriz, a remoção de pré-sequência  dentro da matriz  expõe uma sequência sinal  hidrofóbica que orienta o retorno da proteína  para o espaço intermembrana, através da membrana interna.


Inserção de proteínas nas membranas mitocondriais: as proteínas destinadas às membranas mitocondriais contêm sequência hidrofóbicas de parada de tranferência que interrompem sua transposição através dos componentes TIM e TOM, levando à sua incorporação, respectivamente nas membranas externa e interna.

 

MATERIAL GENÉTICO NA MATRIZ MITOCONDRIAL

A descoberta de que mitocôndrias possuem seu próprio material genético depertou enorme interesse na comunidade científica. Diferente do DNA nuclear, nas mitocôndrias essas moléculas são circulares e não possuem histonas, muito parecido com o material genético dos procariotos. As muitas moléculas de DNA mitocondrial  são produzidas por replicação, mais são conduzidas de forma diferente da replicação do DNA nuclear. As moléculas de DNA mitocondrial também são transcritas por enzimas da própria organela, produzindo assim suas próprias moléculas de RNAs, que por sua vez, serão traduzidos por ribossomos mitocondriais presentes na matriz. Os ribossomos das mitocôndrias também são dferentes daqueles presentes no citoplasma da célula. Quando a síntese de proteínas em mitocôndrias começa, o primeiro aminoácido da cadeia é sempre formil-metionina, assim como nos procariontes, enquanto nos eucariotos  é sempre a metionina. Porntanto as mitocôndrias têm seu próprio material genético, e as máquinas para a fabricação de seus próprios RNAs e proteínas. Uma sequência de DNA mitocondrial humano com 16.569 pares de bases revelou 37 genes que codificam um total de: 22 RNAt,  2 RNAr 2, e 13 genes de péptidos. Os 13 péptideos mitocondriais em humanos são integrados na membrana mitocondrial interna, juntamente com as proteínas codificadas pelos genes que residem no núcleo da célula hospedeira.

 CONVERSÃO DE ENERGIA NAS MITOCÔNDRIAS:

A principal função das mitocôndrias é produzir ATP. Para isso precisam obter a energia necessária para fazer a ligação ADP+Pi, que é grande.
A energia química necessária para isso está aprisionada em ligações covalentes  entre átomos de uma molécula. Em um mol de glicose(aproximadamente 180 g) existe entre os átomos de C,H e O em torno de 690.000 calorias de energia potencial que serão liberadas por oxidação na seguinte reação:
C6H12O6 + 6 O2 ---> 6 H2O + 6 CO2 + 690.000 calorias
O mecanismo que prosperou evolutivamente e está presente em praticamente todos os eucariotos atualmente é a obtenção desta energia de forma gradual, em várias etapas. Em cada uma , a energia obtida é armazenada em compostos temporários como NADH e FADH2+, ou em gradientes de concentração , até que possa atingir  os níveis energéticos necessários para fazer a ligação.
Um ponto em comum a todas estas transformações  e liberação de energia é o composto  adenosina trifosfato(ATP). O ATP   é encontrado em todas as células. Sua característica químima mais marcante  é a presença de duas ligações terminais  com uma energia potencial muito maior  que todas as outras ligações químicas. Notamos que a liberação de qualquer um dos grupos fosfatos terminais  fornece em torno de 10.000 calorias por mol, ao contrário da maioria das ligações químicas comuns quando são rompidas, que fornecem no máximo 3.000 calorias. A ligação ~P de alta energia permite que a célula acumule  uma grande quantidade de energia em um espaço restrito e que a tenha pronta para uso imediato. Outros nucleotídeos portadores de ligações energéticas  elevada são o CTP(citosina trifosfato), a UTP(uridina trifosfato) e a GTP(gunidina trifosfato), que estão envolvidas em biossínteses diversas, entretanto, a fonte de energia  para formar estas moléculas energéticas derivam do ATP.

Como visto, a glicose oferece um meio imediato de obtenção de energia, embora não seja tão eficiente como a quebra de ácidos graxos através da beta-oxidação que em média fornece 120 ATPs por quebra enquanto a glicose gera 38 ATPs.
Esta glicose, geralmente fica armazenada no citoplasma , na forma de macromoléculas de glicogênio. O glicogênio é um polimero organizadíssimo, no qual as moléculas de glicose ficam aglutinadas junto a enzimas  que ajudarão a quebrar o polímero quando necessário. Algumas células possuem uma capacidade maior de armazenar glicogênio, entre as quais destacamos os hepatócitos. Mais, como falado, a célula só utilizará esta reserva de gligogênio na falta de glicose circulante, vinda diretamente da disgestão alimentar, sendo
transportada pela circulação sangüínea (glicose sérica) alcança o interstício, onde atravessa a membrana celular, com a “ajuda” da insulina. A glicose, por ser uma molécula grande, não consegue atravessar a membrana celular. A insulina, ao se ligar aos receptores presentes na membrana celular, faz com que canais se abram, permitindo, assim, a entrada da glicose na célula.


Caso o nível de glicose baixe substancialmente das reservas celulares, um hormônio_o glucagon_ irá se encarregar de mobilizar outra fonte energética importante para o metabolismo, os ácidos graxos, que ficam estocados em células especializadas do tecido conjuntivo, os adipócitos: são células que possuem receptores especiais que identificam quando armazenar ou liberar gorduras e um citoesqueleto  com filamentos intermediários composto por vimentina que formam uma gaiola que impede que as gotículas de gordura se choquem com as organelas citoplasmáticas. Quando estimulado pelo hormônio glucagon, o adipócito coloca em circulação  partículas de lipoproteínas  de baixa densidade(LDL), que irão transportar essas moléculas hidrofóbicas através da circulação e introduzi-las nas células com a ajuda de receptores  de LDL na membrana plasmática por endocitose.

De uma forma geral, podemos apontar três vias metabólicas principais para a glicose:
• o seu armazenamento (como polissacárido);
• a sua oxidação pela via das pentoses-fosfato, originando ribose-5-fosfato para a síntese de ácidos nucleicos, e de NADPH para processos de redução;
• a oxidação via glicólise originando piruvato e providenciando ATP e intermediários metabólicos de outras vias.

A glicose é quebrada então no citoplasma, em até 10 etapas que consistirão na via glicolítica, onde com seus  seis átomos de carbono  serão divididos em duas moléculas de piruvato com três átomos de C cada. Cada molécula de piruvato entra facilmente pela membrana externa da mitocôndria, mais por ser uma molécula carregada negativamente, só ultrapassará a membrana interna por meio de transporte ativo. Uma vez na matriz mitocondrial, o piruvato é quebrado por um grande complexo enzimático, o piruvato desidrogenase. Ele separa os três carbonos  do piruvato em uma molécula contendo dois carbonos, formando CO2 e reduzindo NAD+ para NADH. Os outros dois carbonos restantes serão acoplados à coenzima A, formando o complexo acetil CoA, e então entra no ciclo de Krebs. A utilidade deste ciclo é incorporar acetil CoA com seus dois carbonos a uma molécula de quatro carbonos(acido oxalacético) formando uma molécula de seis carbonos (ácido cítrico) que então será oxidado , retornando a forma de ácido oxalacético, e revigorando assim o ciclo. Como saldo teremos a formação de 2 moléculas de CO2, a redução de 3 moléculas de NAD+ para NADH, a redução de uma molécula de FAD para FADH2 e a fosforilação de uma molécula de GDP para GTP. Com a formação de moléculas altamente reduzidas no Ciclo de Krebs, poderemos seguir para as cristas da membrana mitocondrial onde uma série de complexos enzimáticos, contendo moléculas altamente oxidantes, que são a NADH desidrogenase, citocromo b-c1, citocromo oxidase ou a-a3, além de pequenas moléculas como a ubiquinona ou coenzima Q e o citocromo c. todas estas enzimas ficam flutuando na membrana interna, e através de choque repetidos, os elétrons contidos nas moléculas reduzidas vindas do ciclo de Krebs irão sendo transferidos de um complexo para outro, crindo um campo energético que formará um gradiente de prótons que se deslocará para o espaço intermembranas onde será aproveitado pela ATP sintase para gerar ATP e H2O  através desta energia livre, este processo é chamado acoplamento quimiosmótico.

ATP: DA MITOCÔNDRIA PARA A CÉLULA:

O ATP que foi formado dentro da mitocôndria não atravessa a camada bilipídica de forma passiva, para isso é necessário um gradiente de ADP; se há ADP, significa que ATP foi hidrolisado em algum setor celular. Caso falte ADP,  a ATP sintase para de funcionar por falta de substrato. A proteína que faz a troca de ADP por ATP é conhecida por ANT(adenine nucleotide transporter).
O gradiente de prótons também favorece a entrada e saída de importantes elementos do metabolismo; o ADP, apesar de menos negativo, entra trocado por ATP que sai, enquanto o fosfato e o piruvato, por serem ambos muito negativos, entram de carona com as cargas positivas  quando o gradiente de prótons se desfaz, com a adição de O2, formando H2O.

(FALAREMOS EM MAIS DETALHES EM ARTIGOS PRÓPRIOS SOBRE GLICÓLISE, CICLO DE KREBS E ACOPLAMENTO QUIMIOSMÓTICO).

                   
                     resumo do metabolismo gerador de
                     energia na mitocôndria.

Armazenamento de íons de cálcio:

As concentrações de cálcio livre na célula pode regular uma variedade de reações e é importante para a transdução de sinal na célula. A mitocôndria pode transitoriamente armazenar cálcio, um processo que contribui para a homeostase da célula. Na verdade, sua capacidade de liberação do cálcio, torna muito bom o tamponamento citossólico para os níveis desse íon. O retículo endoplasmático (RE) é o sítio mais importante de armazenamento de cálcio, e existe uma interação significativa entre a mitocôndria e o RE em relação ao cálcio. O cálcio é recolhido no interior da matriz por um gradiente iônico de cálcio na membrana mitocondrial. O lançamento deste cálcio de volta para o interior da célula pode ocorrer através de uma proteína de troca sódio-cálcio ou por meio das vias "de cálcio induzida por cálcio-release". Isto pode iniciar picos de cálcio ou de ondas de cálcio com grandes alterações no potencial da membrana. Estes podem ativar uma série de proteínas do sistema de segundo mensageiro, que podem coordenar os processos, tais como a libertação de neurotransmissores nas células nervosas e de libertação de hormonas nas células endócrinas.

Origens:

Há duas hipóteses sobre a origem da mitocôndria: endosimbiotica e autógena. A hipótese endossimbiótica sugere que mitocôndrias eram originalmente células procariotas, capazes de implementar mecanismos oxidativos que não eram possíveis em células eucarióticas; eles se tornaram endossimbiontes que vivem no interior do procarionte. Na hipótese autógeno, mitocôndrias nasceram por divisão de uma porção de DNA a partir do núcleo da célula eucariótica, no momento da divergência com os procariotas, esta porção de DNA teria sido fechado por membranas, não podendo ser atravessada por proteínas. Uma vez que as mitocôndrias têm muitas características em comum com as bactérias, a teoria mais acreditado no momento é endosimbiose.

                      

A mitocôndria contém DNA, que é organizado como várias cópias de um único cromossomo circular. Este cromossoma mitocondrial contém genes para sintetisar proteínas redox, tais como os da cadeia respiratória. A hipótese Corr propõem que esta colocação é exigida para a regulação redox. Os códigos do genoma mitocondrial de alguns RNAs de ribossomas, e os vinte e dois tRNAs necessários para a tradução de RNA mensageiro em proteína. A estrutura circular também é encontrada em procariotas. O proto-mitocôndria era provavelmente intimamente relacionado com a rickettsia. No entanto, a relação exata do progenitor de mitocôndrias com o alfa-Proteobacteria e se a mitocôndria foi formado ao mesmo tempo ou após o núcleo, permanece desconhecida.
Os ribossomas codificados pelo DNA mitocondrial são semelhantes aos das bactérias em tamanho e estrutura. Eles se assemelham aos ribossomas 70S bacterianos e não aos ribossomas citoplasmáticos 80S, que são codificados pelo DNA nuclear.

A relação endosimbiótica de mitocôndrias com as suas células hospedeiras foi popularizado por Lynn Margulis.  A hipótese endosimbiótica sugere que as mitocôndrias descendem de bactérias que de alguma forma sobreviveram a endocitose, e se tornou incorporada no citoplasma. A capacidade destas bactérias para realizar a respiração em células hospedeiras que se baseou na glicólise e fermentação teria proporcionado uma vantagem evolutiva considerável. De um modo semelhante, as células hospedeiras de bactérias simbióticas capazes de fotossíntese teria uma vantagem. A incorporação de simbiontes teria aumentado o número de ambientes nos quais as células podem sobreviver. Essa relação simbiótica provavelmente teria se desenvolvido entre 1.7 e 2 bilhões de anos atrás.

DOENÇAS MITOCONDRIAIS:

Danos e subsequente disfunção na mitocôndria é um fator importante para uma variedade de doenças humanas, devido à sua influência no metabolismo celular. Doenças mitocondriais frequentemente se apresentam como distúrbios neurológicos, mas pode se manifestar como miopatia, diabetes, endocrinopatia múltipla, ou uma variedade de outras manifestações sistêmicas.  As doenças causadas por mutações no DNA mitocondrial incluem Kearns-Sayre, síndrome MELAS e Leber da óptica hereditária neuropatia. Na grande maioria dos casos, estas doenças são transmitidos por uma fêmea para as suas crianças, pois a descêndencia mitocondrial parte toda do òvulo, devido à perda de mitocôndrias no espermatozóide, durante a penetração deste. Doenças como síndrome de Kearns-Sayre, a síndrome de Pearson, e oftalmoplegia externa progressiva são pensados ​​para ser devido a rearranjos do DNA em larga escala, ao passo que outras doenças, como a síndrome de MELAS, neuropatia óptica hereditária de Leber, epilepsia mioclônica com fibras vermelhas rasgadas (MERRF) e outros são devido a mutações pontuais em DNA.

Em outras doenças, defeitos nos genes nucleares conduzem à disfunção de proteínas mitocondriais. Este é o caso na ataxia de Friedreich, paraplegia espástica hereditária, e doença de Wilson.  Estas doenças são herdadas em uma relação de domínio, tal como se aplica a maioria das outras doenças genéticas. Uma variedade de desordens pode ser causada por mutações nucleares de enzimas de fosforilação oxidativa, tais como a coenzima Q10 e síndrome de deficiência de Barth.  Influências ambientais podem interagir com predisposições hereditárias e causar doença mitocondrial. Por exemplo, pode haver uma relação entre a exposição ao pesticida e o início tardio da doença de Parkinson.
Outras patologias com etiologia envolvendo disfunção mitocondrial incluem esquizofrenia, transtorno bipolar, demência, doença de Alzheimer,  a doença de Parkinson, epilepsia, acidente vascular cerebral, doença cardiovascular, retinite pigmentosa, e diabetes mellitus.  A linha comum pensado para vincular essas condições aparentemente não relacionadas é o dano celular causando estresse oxidativo. Como exatamente a disfunção mitocondrial se encaixa na etiologia dessas patologias ainda está para ser elucidado.

Um certo número de modificações pode ocorrer a mitocôndria durante o processo de envelhecimento.  Os tecidos de pacientes idosos mostram uma diminuição da actividade enzimática das proteínas da cadeia respiratória. No entanto, o DNA mutante só pode ser encontrada em cerca de 0,2% de células muito antigas. Grandes deleções no genoma mitocondrial têm sido propostos para levar a elevados níveis de stress oxidativo e morte neuronal na doença de Parkinson. No entanto, existe muito debate sobre se as alterações mitocondriais são causas do envelhecimento ou meramente características de envelhecimento. Um estudo notável em ratinhos demonstraram reduzido tempo de vida, mas não houve aumento nas espécies de oxigénio reativas, apesar de aumentar as mutações do DNA mitocondrial.


 
BIBLIOGRAFIA:
 
BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR_JUNQUEIRA E CARNEIRO
 
BIOLOGIA MOLECULAR DA CÉLULA_BRUCE ALBERTS
 
A CELULA_COOPER

FUNDAMENTOS DE CITOLOGIA_ A.BOLSANELLO

BASES DA BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR_ DE ROBERTIS

 
IMEGENS RETIRADAS DOS LIVROS CITADOS E DA INTERNET